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D. Ofélia completa 55 anos de AFCP e continua na ativa em prol da classe

No mês passado, uma das entidades canavieiras mais antigas do Brasil, a AFCP, completou 77 anos de fundação em defesa da classe no Estado. Apesar da longevidade, maior parte dessa história contou com os serviços prestados e dedicação de Dona Ofélia, colaboradora do órgão desde 1966

Nesta segunda-feira (3), não passou despercebido pelos colaboradores e pela direção da Associação dos Fornecedores de Cana de Pernambuco (AFCP) que a funcionária mais antiga da entidade, Dona Ofélia, sendo também uma das mais longevas em atividade no Brasil, completava 55 anos ininterruptos de serviços prestados ao setor canavieiro. A data foi celebrada por parte dos integrantes da AFCP, em reconhecimento ao trabalho desenvolvido com zelo durante essas cinco décadas e meia.

“Só temos que agradecer a D. Ofélia. Sempre foi funcionária exemplar. Por isso comemoramos esta data especial de nossa secretária geral, que é a reserva moral e ética da AFCP. Ela acumula a confiança dos diretores e de todos os presidentes da AFCP com quem trabalhou desde que iniciou na entidade. Participou de grandes eventos da entidade. É o nosso arquivo vivo. A sua vida é a prova de sua qualidade humana e profissional”, destacou Alexandre Andrade Lima, presidente da AFCP.

Em entrevista ao setor de Comunicação da AFCP, Dona Ofélia conta um pouco de sua trajetória na AFCP, desde seu ingresso até os dias atuais

AFCP –  Quais motivos levaram a senhora entrar na AFCP? Quais foram os desafios?

Ofélia – Entrei na Associação no dia 02 de maio de 1966, por indicação do vice-presidente da época, Sr. Eugênio Bandeira de Melo, atendendo a um pedido do meu pai, que era contador do Instituto do Açúcar e do Álcool. Necessitava trabalhar porque queria conquistar a independência e a autonomia financeira dentro de casa. Desafios foram muitos, como era muito nova e inexperiente, tudo era novidade. Cada dia aprendia mais, o que foi muito fácil, com a ajuda sempre de minhas colegas.

AFCP – Quais funções desenvolveu durante esse tempo na AFCP?

Ofélia – Recordo que quando entrei na Associação, só havia cinco funcionários: secretária, telefonista/recepcionista, motorista, contínuo, servente e uma profissional no DAS. Fiquei como auxiliar da secretária e participava das reuniões semanais e redigia atas. Respondia pelas correspondências e emissão de cheques. Cuidava do quadro de sócios, em expansão na época. Um ano após, fiquei encarregada pelo Departamento de Pessoal. Dois anos depois, acumulei funções e passei a secretariar as demandas do recém-criado Departamento Jurídico, com dois advogados para atuar nas questões junto ao IAA e ao Conselho Deliberativo do IAA.

Em 1974, na gestão Fernando Rabelo, minhas atribuições aumentaram. A contabilidade passou a ser feita na AFCP, ampliando o quadro funcional e o meu trabalho. Antes o setor era terceirizado. O quadro aumentou novamente na gestão Antônio Celso, criando o Departamento Técnico, com o objetivo de orientar os associados para aumentar a produção e a produtividade. Em 1982, com a inauguração da atual sede, contrata-se mais ainda.

Outra ampliação de funcionários ocorreu em 1984, na gestão de Severino Ademar, com a implantação do setor de fiscalização do pagamento de cana pelo teor de sacarose. Inicialmente, 30 fiscais foram contratados para atuar junto às usinas. Neste momento, estava bastante sobrecarregada. Foi quando foram contratadas duas funcionárias, uma para o DP e outra para o Jurídico, atenuando a ampla carga de trabalho, haja vista que fiquei exclusivamente com a parte da secretaria da AFCP, em uma sala específica. Porém, tal situação mais tranquila terminou com o falecimento de minha amiga Terezinha, secretária geral da Associação, pois tive de assumir as funções dela, acumulando a parte da tesouraria. Daí por diante o trabalho só aumentou até os dias atuais. Hoje, também respondo pela tesouraria da Cooperativa do Agronegócio dos Associados da Associação dos Fornecedores de Cana de Açúcar.  

AFCP – Passados todos esses anos trabalhados, qual a avaliação em ter ficado tanto tempo na AFCP?

Ofélia – A princípio, ressalto que minha relação com a Associação é de amor, e foi a primeira vista, amei meu trabalho desde o início. Hoje é uma extensão de minha casa, um ambiente familiar onde temos muito diálogo com todos, da diretoria aos funcionários. Não tenho lembrança de nenhum momento ruim, mas para chegar até aqui, houve também alguns sacrifícios, porque é muito difícil trabalhar, criar filhos, cuidar da família, como ocorre com a maioria das mulheres, portanto, não é um problema só meu. Agradeço também ao meu marido que soube compreender minha ausência em alguns momentos.

Muitas pessoas que passaram pela AFCP deixaram muitas saudades. Dentre elas: Lucila Queiroga, Teresa Azevedo, Mariluce Marroquim, Eveline Vasconcelos, que foram demitidas por contenção de despesas. E ainda Vera Lobo, Antônio Carlos, Celeste, Adacilda,  Everaldo e Graça Jatobá, por falecimento. Além de pessoas que vinham semanalmente à Associação, como Luiz Gonzaga Farias de Oliveira, Vicente Ferrer Gouveia de Melo, que nunca deixava de nos visitar em nossa sala.

Recordo ainda de um dos piores momentos da AFCP, em 1990, quando no governo de Fernando Collor. No período, houve bloqueios das contas bancárias, além da extinção do IAA, prejudicando significativamente a Associação, com radical redução da receita, uma vez que as usinas não eram mais fiscalizadas para cumprir com o recolhimento das taxas que descontava de seus fornecedores de cana, numa apropriação indébita.

AFCP – Há algum tipo de arrependimento em ter dedicado a vida para a AFCP?

Ofélia – Não me arrependo de nada. Faria tudo de novo. Arrependo-me apenas de não ter feito o curso de Direito, por motivos diversos. Se tivesse feito, poderia fazer parte do quadro do Dep. Jurídico da Associação, o que gostaria. Aproveito a oportunidade para registrar a minha gratidão pelo carinho de todos.

Bel Coutinho

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