“Esses dois componentes para formação de preço e produtividade da cana têm se comportado de forma ambígua desde a última safra. O dólar alto ajudou na melhora histórica do preço do ATR derivado da alta sobretudo do valor do açúcar no mundo e na dificuldade criada para a entrada do etanol dos EUA no Brasil. Porém, por outro lado, aumentaram os custos de produção agroindustrial com a alta dos preços dos insumos, fertilizantes, ferro e etc. E continuam elevados nesta nova safra, havendo até escassez de produtos para a comercialização. A água também se apresenta nas duas facetas, ora positiva, ora negativa. Tem sido abundante em certas regiões canavieiras (do Sul de PE para baixo do mapa do NE), enquanto escassa em outras (do Norte de PE para cima)”, destacou Alexandre Andrade Lima em webinar na noite de ontem. ASSISTA AQUI
Nesta quarta-feira (7), durante encontro de líderes do setor sucroenergético do NE, promovido pelo Jornal Cana, o presidente da Associação dos Fornecedores de Cana de Pernambuco (AFCP), Alexandre Andrade Lima, apontou o dólar e a água como elementos centrais que ajudaram e dificultaram simultaneamente a safra passada, e já repetem de forma desafiadora esse comportamento na atual. O dólar alto, por exemplo, colaborou com a melhora no preço do açúcar na safra anterior, trazendo a valorização também do álcool anidro e hidratado, promovendo, com isso, uma alta histórica no preço da matéria-prima quando comparado apenas na moeda do real. Houve de 25% a 30% de aumento se comparado à safra anterior. Porém, a elevada cotação do dólar, que serve de referência no preço dos insumos e fertilizantes usados no Brasil, tem aumentado os custos de produção da cana como nunca antes, ampliando os desafios da nova safra que já enfrenta a estiagem em várias áreas de todo o Nordeste.
“Pernambuco é o estado onde pode ilustrar bem a chuva como heroína e vilã ao mesmo tempo. Na área Sul chove bem e terá produtividade maior que o normal, enquanto os canaviais da área Norte morrem com a seca. A estiagem também afeta a PB e o RN, enquanto os níveis pluviométricos são favoráveis de AL até a BA”, aponta Andrade Lima. Não por acaso, o dirigente defende a necessidade de investimentos público e privado em tecnologias hídricas para a cadeia produtiva sucroenergética não continuar dependendo somente do clima, como se vivesse no passado. Pequenas barragens para reter a água no inverno, sendo utilizada depois ao longo do ano, é uma dessas medidas que inclusive já tem sido pleiteada pela AFCP junto ao Governo de PE.
Além disso, a AFCP, através da sua cooperativa agroindustrial (Coaf), em conjunto com outras cooperativas do gênero em Pernambuco e em Alagoas, tem promovido resultados positivos para toda a cadeia sucroenergética do NE. Em PE, por exemplo, depois da criação da Coaf na safra 2015/2016, e de mais outras duas usinas cooperativistas, voltou a ser plantada mais cana no estado, sobretudo pelos pequenos e médios produtores rurais. As três usinas cooperativas já respondem por 17% de toda a cana pernambucana moída. E o setor de fornecedores de cana agora representa 54% do total de cana usadas pelas 13 usinas em PE. Este percentual chegou a 28% até pouco tempo atrás. “Temos a esperança de no estado voltar a produzir 17 milhões de toneladas, ante as 11 milhões atualmente”, diz Lima.
A Coaf também se destaca pelo pioneirismo nacional quanto à distribuição de CBios (créditos verdes da lei do RenovaBio) para os seus fornecedores de cana na safra passada. Recentemente, foram pagos R$ 710 mil com o primeiro lote de CBios comercializados. A cooperativa também se protagoniza nacionalmente, pelo segundo ano seguido, através do pagamento da maior ATR paga aos seus canavieiros, um valor médio de R$ 171. Além disso, junto com a usina cooperativada CooafSul, também de PE, e as alagoanas Coopervales e Pindorama estarão lançando a primeira central sucroenergética cooperativada do Nordeste nesta safra ainda. “A previsão é de faturar R$ 1 bilhão por safra e gerar 18,5 mil postos de trabalho”, aponta Lima.
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